Quem sou eu

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"Essa vida de internauta me cansa" _________________________________________________________________________________________________________ (minhas fotinhos de surf pra enfeitar o blog e pra eu me lembrar que o lugar certo de surfar, por incível que pareça, não é a internet!) fotógrafo: Fred Rozário / e o piloto do jet ski foi o Serrado (valeu, "meu" piloto!) Barra RJ 2007

Miss alegrete (para saber quem é leia o texto "minimundo" de 30/07)

Miss alegrete                                 (para saber quem é leia o texto "minimundo" de 30/07)

Vai começar a estória: "Era uma vez..."

Vai começar a estória: "Era uma vez..."

Gabrielzão e Gabrielzinho do Irajá

Gabrielzão e Gabrielzinho do Irajá
foto de Paula Kossatz

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Minimundo

Gabriel Moojen é um gaúcho que veio morar no Rio de Janeiro com sua mulher e conterrânea Fran Zanon e acabou sendo pai de uma filhinha “quase” carioca – a menina veio ao mundo aqui, mas já molha a chupeta na cuia de chimarrão. Semana passada ele me repassou um email enviado lá de Porto Alegre por sua mãe, que desencavara de uma revista antiga uma foto sem nome de uma Miss Alegrete e, por saber que nós éramos amigos (não eu e a misse, mas eu e seu filho), pediu-lhe que me encaminhasse o retrato.
“Fala, xará. Beleza? Olha só o pequeno mundo. Minha mãe está fazendo um trabalho com fotos antigas. Ela sabe que somos amigos e mandou uma foto da Miss Alegrete, no caso sua bisavó, vó de seu pai. Está aí em anexo. Abraço.”
Alegrete é uma cidade com cerca de noventa mil habitantes situada na fronteira oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Foi lá que nasceu meu avô, um dos doze filhos de um bravo imigrante italiano, corajoso o bastante para fazer e criar tantos filhos vivendo apenas do que ganhava como um artista da câmera. Era fotógrafo, esse meu bisavô, provavelmente o autor da tal foto da misse que pintou no meu email, e que encaminhei na mesma hora pro meu pai. Bem, na verdade não foi exatamente para o meu pai, que nem sei se tem endereço eletrônico, mas repassei para a atual mulher do velho a fotinho da minha suposta bisavó.
“Oi, Jacque. Tudo bem? (…) Passa esse email pra família aí por mim, por favor. Olha que interessante.
 Quem me mandou foi o gaúcho Gabriel Moojen(…) Beijos.”
Miguel Contino, meu querido progenitor, nasceu em Porto Alegre e perdeu a mãe quando tinha um ano de idade. Aos cinco, foi trazido à força para a Cidade Maravilhosa, de onde sempre fugia nas férias para passar os fins de ano no Sul, e agora está casado com a Jacque, mais uma gaúcha que veio pra cá. Ao receber meu email, ela já me adiantou que a jovem estampada na revista não era a mãe dele. Talvez fosse a primeira mulher do meu biso italiano, antes dele casar-se com a avó do meu pai...
Passei a bola pro meu xará novamente, lhe cobrando uma apuração mais detalhada. Já que ele havia me mandado o retrato da misse, então que tratasse de interrogar melhor suas fontes.
Sua resposta soou-me um tanto irônica:
“Agora me pegou. Vou ter que perguntar para minha mãe. 
Mãe, quem era aquela da foto, que tem os olhos do Gabriel, mas não é a bisavó dele?”
Achei que a investigação ia ficar por isso mesmo, mas num ágil troca-troca de emails, ainda obtive informações adicionais enviadas por um membro da família do Gabriel Moojen, que também é lá das bandas do Alegrete:
“A foto que eu te mandei é da GIOCONDA CONTINO. Não sei com quem ela foi casada. Ela foi Miss Alegrete, em 1929. Pelo menos esta revista que eu ganhei com fotos de misses de todo Brasil é do ano de 29.
O que eu sei é que ela era a matriarca lá dos Contino. Ela era professora e quando o Figueiredo assumiu a Presidência da República fez uma homenagem a ela, pois ela é que o tinha alfabetizado.
Quem pode te informar melhor é teu pai. Pergunta a ele.
A informação que eu tinha é que ela seria a avó do pai do Gabriel. Mas, minhas informações podem não ser corretas, pois embora tenha morado em Alegrete muito tempo, acabo misturando os dados.”
Ah... Então é a tia Gioconda! Eu a conheço. Ainda é viva, a irmã do meu avô. Hoje já está sem memória nenhuma, mas dizem que ela sempre contava essa estória de ter sido Miss Alegrete.
Meu pai, que até então não tinha entrado ainda na conversa virtual, ao ver a foto e as mensagens confirmou tudo. Quer dizer, tudo não, quase tudo, que essa parte do Presidente Figueiredo ficou por conta do pessoal lá dos Moojen – não sei se isso a tia não contava ou se foi ele que preferiu esquecer, depois de ter sido preso durante a ditadura militar.
Mas isso já é outra estória, e ele talvez se anime a contá-la na casa do Gabriel e da Fran, que já convidaram o Seu Miguel e a Dona Jacque pruma roda de Chimarrão, pra todo mundo se conhecer pessoalmente.
Coisa de gaúcho, tchê.
Papai aproveitou o embalo – na verdade foi a Jacque – e já nos mandou até uma foto sua com o pai do Gabriel, adivinha onde? O velho Jorge Moojen e sua mulher abraçados a meu pai e minha mãe lá no bom e velho Alegrete, no que se pode dizer que foi minha primeira viagem ao Rio Grande, ainda dentro da barriga. [ver foto no final do blog]
Meu xará tem razão, o mundo é pequeno mesmo. Ainda mais entre a gauchada. Só quero ver quantas árvores genealógicas vamos descascar nesse encontro que vai rolar na casa dele. Meu pai vai falar do seu pai e do pai do pai do Gabriel... A Jacque, que nasceu em Passo Fundo, vai acabar descobrindo mil laços com a família da Fran, que também é de lá...
Todo mundo contando tudo ao mesmo tempo e a recém-nascida Valentina, curiosa, atenta aos mínimos detalhes. Escutando essa conversa toda desde os primeiros meses de idade, será que essa carioquinha ainda tem alguma chance de deixar de ser gaúcha?
“Bah, mas é bem capaz!”
Ou se preferirem em bom carioquês: “É ruim, hein!"

quinta-feira, 26 de julho de 2007

"Demorou"

Se virarem de cabeça para baixo a tabela de classificação do campeonato brasileiro, meu time ainda vai aparecer lá no “alto”, eu sei, mas pelo menos saiu do último lugar nessa rodada, e como eu disse que iria postar algo mais divertido aqui depois do texto anterior, por que não “comemorar” a vitória do Flamengo no meu blog, depois de oito(!) jogos sem vencer no Brasileirão?
Na real tô escrevendo isso aqui só de onda mesmo, pra deixar um “Valeu, Obina” registrado, mas sem nenhuma empolgação, para ser sincero. O time não convenceu mas venceu. Será que eu me tornaria um cronista esportivo se tivesse terminado meu curso de comunicação? Poderia criar umas frases interessantes, como esta que acabei de inventar, vejam se não é boa:
“O futebol é uma caixinha de surpresas”
Tá bom, tá bom, não foi inventada por mim. Mas e essa? “A defesa do Flamengo é uma caixinha de surpresas”.
Péssima. Acho que eu não nasci pra cronista de esportes não.
Vou continuar cumprindo meu papel de torcedor e torcendo também pelo nosso atacante xodó, voltando agora de uma cirurgia que o deixou fora de campo por cinco meses e já fazendo um gol.
Quando terminou a partida final do campeonato estadual deste ano – pra quem não sabe foi entre Flamengo e Botafogo e o rubro-negro venceu nos pênaltis – eu fui chamado por um conhecido para encontrar os jogadores no campo e participar da bagunça. Na hora da euforia, aceitei o convite e desci lá umas escadas seguindo o fluxo, mas fomos parar num acesso que estava trancado e ninguém sabia quem estava vindo com a chave para liberar o pessoal. Enquanto o time já levantava a taça e fazia a volta olímpica no gramado, eu e mais umas poucas pessoas esperávamos uma chave que nunca chegou. Entre elas estava o Obina, ainda mancando, recém-operado, ele, que participou do campeonato e deveria estar lá recebendo o troféu junto com a equipe, mas não podia andar muito e acabou ficando por ali mesmo em vez de tentar correr para outra entrada.
Ali ele já me falou sobre a fisioterapia que iria fazer, decidido a encurtar ao máximo o tempo que teria que ficar sem jogar. E o baiano teve força de vontade e encurtou mesmo, de seis meses para cinco, o que faz uma boa diferença, ainda mais para nós que agora estamos realmente precisando de uns golzinhos pra recuperar o prejuízo.
Depois a galera foi toda lá pro vestiário e até foto com a taça eu acabei tirando. Este aí comigo na foto é o Renato, que acabou de sair do Flamengo (pra quem não conhece). Bonita a taça, né? [ver foto no final do blog]
“Futebol é assim mesmo, num dia a gente ganha, no outro a gente perde”. Essa é mais uma daquelas frases feitas bem manjadas. Só esqueceram de dizer que às vezes também dá empate. E depois desse comentário ridículo é melhor parar por aqui.
Saudações a todas as torcidas. Este blog aqui é pra todo mundo curtir, então ficamos assim: Não sou Obina, mas também tô na área e se me derrubar o juiz tem que apitar.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Haja medalha

Pra inaugurar o meu blog falando de um tema agradável, ainda mais em tempos de Pan, momento de curtir e valorizar a beleza e a adrenalina dos esportes, achei que seria uma boa idéia pendurar aqui umas fotos de surf clicadas na Barra da Tijuca na última sexta-feira 13 pelo fotógrafo Fred Rozário, quando finalmente consegui acordar relativamente cedo para pegar uma carona de tow in no jet ski dos amigos Felipe Gama e Alexandre Serrado.
Depois me lembrei da minha primeira ida às ilhas Mentawai, na Indonésia, para surfar ondas de sonho hospedado num barco, e me emergiu na memória uma cena do meu vôo de volta, quando tive que encarar um trecho doméstico operado por uma companhia local e vi pela primeira e única vez uma comissária de bordo parar tudo para sentar e rezar, encolhida em seu véu muçulmano, vigiando com olhos esbugalhados de medo a pequena tempestade que nos impedia de pousar.
Na semana seguinte à do desastre de Congonhas é impossível afastar este assunto da mente e fica até estranho não comentar nada a respeito, mesmo que seja o que todo mundo já sabe e já sente e lamenta e comenta. Revolta, indignação e vergonha dos nossos comandantes – não os das aeronaves, coitados – mas os dos órgãos (in)competentes (ir)responsáveis por quase tudo que existe de serviço público nesse país (não na ponta de baixo, mas no topo), para os quais os manda-chuva da politicagem sempre nomeiam amigos e comparsas que não entendem de merda nenhuma a não ser, em muitos casos, de encher o próprio bolso roubando o nosso dinheiro.
- Você me ajudou na campanha. Agora que eu fui eleito vou te dar um cargo de confiança. Fique à vontade e faça bom proveito!
E a gente fica sabendo de um caso ou de outro de desvio de verbas, licitações ilícitas e/ou superfaturamento em obras, entre tantos, incontáveis, infinitos outros esquemas iguais ou semelhantes que estão comendo solto do Oiapoque ao Chuí, em todas as esferas e ininterruptamente, longe das nossas vistas.
O problema é que, agora, além de fazerem farra com o nosso dinheiro – o que já nos traz desemprego, violência, falta de vaga em escola, em hospital, em cadeia... não é de hoje mas não custa lembrar – não satisfeitos com tudo isso, também resolveram brincar com as nossas vidas de forma um pouco mais direta.
Não duvido que daqui a pouco estejamos fazendo testes nucleares ou experimentos científicos em cobaias humanas sob o comando de algum zé mané qualquer que tenha sido indicado por um parente do cunhado da mulher do empreiteiro que bancou a propina do Juiz que absolveu o irmão de Fulano de tal... já sabendo que em troca poderia receber como recompensa um lugarzinho na diretoria de um centro de controle espacial, ou da CTI de um hospital, ou de uma penitenciária de segurança máxima, ou de uma outra bobagenzinha qualquer de onde pudesse extrair o máximo de riqueza e “prestígio” a qualquer custo até o fim do mandato.
A culpa pelo acidente pode ser da TAM, pode ser de São Pedro, pode ser de Deus ou do Diabo, mas seja qual for a causa principal da não frenagem do Airbus, como é possível que pessoas diretamente responsáveis pela aviação no Brasil tenham a cara-de-pau e a falta de vergonha de receber (e de entregar) “medalhas do mérito Santos Dumont" em Brasília, três dias após a tragédia?! Um absurdo. Mais um.
Para quem não sabe, o nosso vice-presidente José Alencar condecorou alguns homenageados, entre eles o diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Milton Zuanazzi (um ex-vereador de Porto Alegre) e Denise Abreu (uma ex-assessora de José Dirceu), entre outros diretores, que ao que tudo indica – e indicados pelo Palácio do Planalto – caíram de pára-quedas numa área em que nunca haviam trabalhado em suas vidas, com a missão de tocar um órgão tão importante cuja função seria “gerenciar e controlar as atividades relacionadas com a aviação civil”.
A ANAC, que foi criada em 2006 para substituir o antigo DAC (Departamento de Aviação Civil) – e também para servir como cabide de empregos para 2.500 companheiros – vem fazendo, na opinião dos especialistas, um trabalho bem pior do que o do órgão extinto.
Nem precisa ser especialista. Eu também acho. E você?
Também não custa lembrar que cuidar dessa área significa mexer com milhões, ou melhor, bilhões de reais, e que para muitas pessoas ligadas à política um dinheiro vale muito mais do que uma vida, seja a da criança que não tem um leito para nascer ou a do canceroso que não tem condições de fazer um tratamento, ou a do miserável que não tem comida, ou a do motorista que não tem estradas seguras para rodar ou a do piloto de avião que não tem radares nem canais de rádio confiáveis e por aí vai.
Não é à toa que a indicação de aliados políticos para administrar serviços fundamentais em áreas que desconhecem completamente sempre teve um alto potencial catastrófico.
Não seria difícil citar exemplos de desatres ambientais, sociais, econômicos, jurídicos e morais causados pela mesma prática do toma-lá-dá-cá nesse e em outros governos, mas nem vale a pena. O Brasil já acha isso normal.
Minha intenção inicial era escrever aqui no blog sobre uma manhã de surf em ondas grandes puxado por um jet ski na Barra e sobre o esporte brasileiro, que está sendo tão bem representado aqui no Panamericano pelos nossos bravos atletas medalhistas. Mas acabei embarcando nessa outra conversa. Foi inevitável. Prometo que o próximo post será mais divertido.
Fico triste e indignado com essa recorrente sensação de injustiça ao ver tanta gente inocente morrendo enquanto os culpados sorriem e lavam as mãos como se não isso fosse nada, como vem acontecendo também em terra firme o tempo todo, nas favelas, no asfalto, no campo, em tudo que é lugar.
Haja medalha pra gente conseguir sentir ainda algum orgulho ao ouvir o nosso hino nacional. Mas que não sejam mais medalhas de honra ao demérito como aquelas distribuídas há pouco pela nossa Aeronáutica.